O homem sentado na cadeira de balanço é ele mesmo: Patativa do Assaré. Aos 90 anos, com camisa de linho, chapéu e cigarro na mão, ele está como sempre esteve – afiadíssimo nos versos. Na sua casa, na praça principal de Assaré, cidade de 19 mil habitantes, ele espera as visitas que vêm de Crato.
Os professores e alunos da Escola do Estado da Bahia chegam cantando A Triste partida, música e letra de Patativa, que foi sucesso na voz de Luis Gonzaga. “Esse é o hino do Nordeste”, comenta a professora Aparecida Teles. Patativa fica emocionado. Diz que sente saudades de Luiz, conhecido como “o Rei do Baião”.
“Os alunos querem te entrevistar, Patativa”, anuncia a diretora Acilana Alencar Leal. “Como você se sente aos 90 anos?”, é a primeira pergunta. A resposta vem sob a forma do poema Minha idade e Minha poesia, composto na época do seu aniversário, no dia 5 de março deste ano.
Ih! Problema. Em meio ao nervosismo da entrevista com o maior poeta popular vivo do Brasil, o gravador não funciona. Mas nem a cegueira e a surdez abalam o fino senso de humor de Patativa... Ele brinca com as palavras: “Gravador tu gravas tudo, só não grava minha dor.”
Tudo se ajeita. E gravador e vídeo registram a entrevista:
O senhor sente orgulho de ser filho do Ceará?
Tenho orgulho de ser do campo como eu sou. Deus quis que eu nascesse na terra de Santana (a 18 km do centro de Assaré), que fosse um agricultor como fui, trabalhando todo dia na roça e compondo a minha poesia lá mesmo. E não foi escrevendo os versos como quase todo poeta faz. Eu faço verso de improviso, viu?
Como o senhor aprendeu a fazer poesia?
Nasci com esse privilegio. Desde criança que eu sei fazer versos. Decidi empregar a minha lira cantando a verdade e a justiça. Aprendi esse tema social lendo as pregações de Jesus na Palestina.
O senhor gostaria e ter estudado?
Estudei só seis meses. Aprendi a ler e a escrever. Mas quanto tinha trégua no meu trabalho ia ler. E não era livro didático não, viu? Era livro de História, de poesia, jornal e revista. Nessa contate leitura, aprendi o vocabulário com o qual eu posso compor e recitar, tanto a poesia matuta como erudita. O que eu lia nos livros eu sabia interpretar e por isso aprendia tudinho.
E o poema minha idade e minha poesia? O senhor recita de novo?
Pois ninguém fale, viu? Enquanto eu estiver recitando.
E o poeta recita, prevendo o passar dos anos:
Completei 90 anos,/é idade bem comum. Vou seguindo novos planos / para os meus 91(...) Se a nossa vida é um drama / e esse mundo é um teatro / conduzindo a mesma fama/ recito aos 94.
Para mostra meu dom/como sou poeta bom/ com a poesia brinco/ mesmo com esse absurdo/ assim canto cego e surdo/ recito aos 95.
Canto a terra e o infinito/ nesse simples português/ compondo um verso bonito/recito aos 96.
Cortando como gilete/passo por 97 e vou aos 98. Não há quem me desaprove/ eu nos meus 99. Rimo afoito com biscoito/ mas quando completar 100 (...)
Vou todo cheio de ruga / igualmente à tartaruga/ como pensamento fraco/ caducando lá no canto/ rimando diabo com santo/ e careta com macaco.
Realizamos o encontro às 7:30 hs, onde fizemos à leitura do texto: "Concerto de leitura", de Rubem Alves, em seguida vários comentários criativos surgiram com relação ao texto. Logo após foi exposto pela cursista Maria Meirelles o relatório do encontro anterior.
O encontro teve seguimento com a leitura e exposição das oficinas feitas em sala de aula pelas cursistas: Laira, Rosangela e Francisca Vanilza. E dando continuidade fizemos a introdução do TP4 com um aquecimento de perguntas sobre a prática de leitura dos cursistas, onde as questões foram elaboradas em forma de dinâmica (com cartões), respondidas e debatidas oralmente pelos cursistas, que interagiram com criatividade, contextualizaram e fizeram comentários coerentes.
Após a dinâmica foi feita a leitura compartilhada do texto: "Leitura, escrita e cultura", de Silviane B. Barbato (pg. 13,14 e 15), em seguida diversos comentários surgiram com relação à leitura e a escrita. Depois foi entregue um texto expondo a última entrevista de jornal com "Patativa do Assaré", cujo intuito foi demonstrar para os cursistas que o letramento também está no conhecimento de mundo do poeta, onde foi feita também a comparação entre a leitura de Patativa com a do educador Paulo Freire. Durante os comentários sobre essa comparação constatamos a participação, receptividade e envolvimento da turma diante do tema.
Tivemos ainda a apresentação dos temas: leitura e letramento (ambos em slides). Apresentando também em slides o "Resumindo" da pg. 31 a 51, em seguida fizemos as oficinas em grupo da Unidade 14 e a apresentação das mesmas, onde tivemos belíssimas exposições das atividades pelos cursistas, que demonstraram oralidade, segurança, objetividade e concisão nas oficinas.
Finalizando o encontro aconteceu o encaminhamento das atividades extra-classe e as intervenções feitas pela formadora sobre as oficinas, sendo que no dia seguinte ao encontro (21/08) tivemos a culminância do projeto didático de leitura sobre o folclore onde foi incluída a literatura de cordel, apresentado pelas professoras: Rosangela e Laira.
“APRECIAÇÃO DO ARTIGO: SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS PELA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL”.
MARIA DE FÁTIMA RIBEIRO BARBOSA
O artigo publicado no site de Stella Maris Bortoni-Ricardo expõe claramente que a educação deve ser aperfeiçoada, preservada e acima também é “exigência” feita por todo brasileiro. Assim, não importa a profissão ou a classe a qual pertencemos, o que vale é ânsia de buscar o conhecimento para modificar a nossa existência consequentemente ter um compromisso firmado com o futuro e desenvolvimento educacional das crianças se adolescentes do nosso país.
A autora chama atenção ainda para um país “letrado” com um sistema público de educação voltado para a formação do cidadão brasileiro. Essa visão idealista que para muitos pode ser hipocrisia ou utopia, na realidade é firmada no principio que não se pode omitir as deficiências do ensino público, sejam elas originadas dos políticos ou até mesmo do professor incapacitado de auxiliar seu aluno na construção do conhecimento.
Ainda no que se refere a esse “novo” olhar para a educação é preciso também abandonar práticas arcaicas, metodologias retrógradas e a antiga “decoreba”, que apenas alienam o alunado. Já que existem várias pesquisas e novas metodologias, porque não leva-lás para a sala de aula? Esse questionamento oferecido pelo artigo é algo evidente no mundo atual.
Porém, a autora afirma ainda que apesar de tantos avanços científicos e tecnologias nesse “novo mundo”, o docente continua a ensinar da mesma forma de antes e isso é decorrente da falta de capacitação e pesquisa na sua área. Ora, todo profissional competente, seja da profissão mais simplória ao cargo mais elevado, tem a necessidade de buscar atualização sobre o seu trabalho, novas práticas e até mesmo novos princípios. O aluno de hoje é rápido, dinâmico, reflexivo, sendo um reflexo da sociedade em que vive e por esse motivo um professor “parado no tempo” não irá atender nem os desejos da sua profissão e tão pouco sua ânsia pessoal de viver e transformar o meio em que vive.
Portanto, mesmo diante da modernização das escolas, quando adquirem laboratórios caríssimos repletos de computadores e internet, ainda assim não acontece plenamente o processo de ensino-aprendizagem. Portanto, é necessário saber conciliar a prática pedagógica com os avanços tecnológicos e deixar de lado projetos voltados somente para a memorização, ao invés disso, é preciso oportunizar para o alunado condições para que o mesmo desenvolva suas habilidades e entenda o que o conteúdo exposto em sala de aula serve para sua vida. E assim teremos de fato uma educação básica voltada para a socialização e cidadania, onde a escola proporciona práticas educativas que contribuem de maneira crítica e construtiva.
“APRECIAÇÃO DA OBRA A HORA DA ESTRELA - CLARICE LISPECTOR” – POR MARIA DE FÁTIMA RIBEIRO BARBOSA
Na obra “A hora da estrela”, Clarice Lispector instiga os leitores através de personagens profundos, realistas e intimistas, em que os mesmos revelam a “própria vida”. Assim, desde o início da diegese nota-se que tanto a protagonista Macabéa como o narrador Rodrigo S.M provocam sentimentos perturbadores e que se relacionam a temas polêmicos, tais como: insegurança, preconceito e a degradação social.
A autora expõe ainda uma narrativa dramática, porém um aspecto que deve ser ressaltado, traço marcante da escrita de Lispector, é o plano psicológico, pois a personalidade de Macabéa é explorada ricamente através de fatores intrínsecos que demonstram a contradição existente entre o narrador e a personagem, em que o mesmo assume simultaneamente uma tonalidade negativa e protetora pela protagonista, o que permiti-lhe distanciar-se da criatura que tanto o incomoda, como se constata no fragmento “Vai ser difícil escrever essa história. Apesar de eu não ter nada a ver com a moça, terei que me escrever todo através dela por entre espantos meus (CLARICE LISPECTOR:1977,39)”.
A contradição entre narrador e personagem revela ainda uma dependência ou ligação fortíssima entre eles. Essa proximidade existente entre eles revela uma dependência existencial, pois Rodrigo no final da obra afirma que morreu com a personagem: “Ela estava enfim livre de si e de nós. Não vos assusteis, morrer é um instante, passa logo, eu sei porque acabo de morrer com a moça (CLARICE LISPECTOR: 1977, 105).
A simbiose intensa entre os personagens se confirma ainda no fragmento: “Pareço conhecer nos menores detalhes essa nordestina, pois se vivo com ela. E como muito adivinhei a seu respeito, ela me grudou na pele qual melado pegajoso ou lama negra. (CLARICE LISPECTOR: 1977, 36).” Assim, o ato de “grudar-se” a protagonista, nada mais do que uma constatação da sua proximidade também com os defeitos, o jeito simplório de Macabéa e suas angústias, revelando para o leitor que essa aversão sugere nada mais do que o caráter intimista da obra de Clarice que aproxima seus personagens a tal ponto que um se mistura ao outro,mesmo sendo personificações de mundos diferentes.
Assim, em “A hora da estrela” o leitor é instigado e confrontado com a realidade cruel do povo nordestino. Macabéa assusta, amedronta e questiona o “eu” de cada um, pois depara o leitor com uma realidade sórdida e grotesca que ainda assola a sociedade atual. Lispector, através desta personagem fascinante, questiona os princípios de cada um e gera questionamentos: ignora ou confrontar a realidade miserável e preconceituosa?. Cabe ao leitor astuto e ávido de justiça reconhecer o valor da protagonista, que nada mais é do que a representação do povo nordestino, que é um povo lutador, resignado, sofrido, mas antes de tudo “um forte”, parafraseando Euclides da Cunha. Porém, no caso da protagonista, o seu momento de ser forte,brilhante e por que não dizer “estrela” foi justamente na hora fúnebre da existência humana. Nesse momento que foi revelada a indignação, dor e desespero desse povo tão sofrido, pois através da epifania de Lispector, nota-se que ao cair e bater com a cabeça na quina da calçada e a cara mansamente voltada para a sarjeta, à personagem revela que apesar de tudo que sofrerá durante toda diegese, ele pertencia a uma resistente raça que um dia talvez, mesmo na hora da morte, conseguirá reivindica o seu direito ao grito (a ser notada).
Sou Maria de Fátima Ribeiro Barbosa, maranhense de Graça Aranha, filha do maestro Rodrigo José Ribeiro (conhecido como Rodrigo Boré) e da professora Lindalva Barbosa Ribeiro.
Desde os cinco anos de idade, por volta de 1959, comecei a caminhar para o colégio com a minha mãe que era professora “normalista”, cujo sonho era ver-me uma grande educadora. Então tive no meu alicerce o incentivo e principalmente o "amor" pela arte de educar, assim como também pela música, na qual atuei uma temporada como solista de acordeão acompanhando meu pai, que era proprietário de uma grande banda musical.
E de fato seu sonho se concretizou, pois sou professora formada em Letras/Literatura pela Universade Estadual do Maranhão e Pós-Graduada em Linguística pelas Universidades Integradas de Amparo - SP. Atualmente estou atuando na rede municipal de Imperatriz, no cargo de professora do Ensino Fundamental Maior e em Açailândia, sou Técnica em Assuntos Educacionais Língua Portuguesa e trabalho com a Formação Continuada de Professores das Séries Finais (GESTAR II).
Ao longo de toda a minha carreira de docente tive mestres que são exemplos de vida e com eles adquiri o hábito da leitura, porém uma leitura especial e não menos importante do que a convencional:"a leitura de mundo”, onde me considero uma leitora ávida, sedenta e sensível, não somente o que está escrito nos livros, mas aprendi e gosto de ler: as pessoas, o que estar ao meu redor, filmes, literatura de cordel, repentes, emboladas, literatura regionalista e romântica.