sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ENTREVISTA DE JORNAL COM PATATIVA DO ASSARÉ - 7º ENCONTRO


                           
                                 
                         O homem sentado na cadeira de balanço é ele mesmo: Patativa do Assaré. Aos 90 anos, com camisa de linho, chapéu e cigarro na mão, ele está como sempre esteve – afiadíssimo nos versos. Na sua casa, na praça principal de Assaré, cidade de 19 mil habitantes, ele espera as visitas que vêm de Crato.
                            
                        Os professores e alunos da Escola do Estado da Bahia chegam cantando A Triste partida, música e letra de Patativa, que foi sucesso na voz de Luis Gonzaga. “Esse é o hino do Nordeste”, comenta a professora Aparecida Teles. Patativa fica emocionado. Diz que sente saudades de Luiz, conhecido como “o Rei do Baião”.
                       
                    “Os alunos querem te entrevistar, Patativa”, anuncia a diretora Acilana Alencar Leal. “Como você se sente aos 90 anos?”, é a primeira pergunta. A resposta vem sob a forma do poema Minha idade  e Minha poesia,  composto na época do seu aniversário, no dia 5 de março deste ano.
                      
                     Ih! Problema. Em meio ao nervosismo da entrevista com o maior poeta popular vivo do Brasil, o gravador não funciona. Mas nem a cegueira e a surdez abalam o fino senso de humor de Patativa... Ele brinca com as palavras: “Gravador tu gravas tudo, só não grava minha dor.”
                      
                 Tudo se ajeita. E gravador e vídeo registram a entrevista:


 O senhor sente orgulho de ser filho do Ceará?
 Tenho orgulho de ser do campo como eu sou. Deus quis que eu nascesse na terra de Santana (a 18 km do centro de Assaré), que fosse um agricultor como fui, trabalhando todo dia na roça e compondo a minha poesia lá mesmo. E não foi escrevendo os versos como quase todo poeta faz. Eu faço verso de improviso, viu?
 Como o senhor aprendeu a fazer poesia?
 Nasci com esse privilegio. Desde criança que eu sei fazer versos. Decidi empregar a minha lira cantando a verdade e a justiça. Aprendi esse tema social lendo as pregações de Jesus na Palestina.
 O senhor gostaria e ter estudado?
 Estudei só seis meses. Aprendi a ler e a escrever. Mas quanto tinha trégua no meu trabalho ia ler. E não era livro didático não, viu? Era livro de História, de poesia, jornal e revista. Nessa contate leitura, aprendi o vocabulário com o qual eu posso compor e recitar, tanto a poesia matuta como erudita. O que eu lia nos livros eu sabia interpretar e por isso aprendia tudinho.
 E o poema minha idade e minha poesia? O senhor recita de novo?
 Pois ninguém fale, viu? Enquanto eu estiver recitando.


E o poeta recita, prevendo o passar dos anos:


Completei 90 anos,/é idade bem comum. Vou seguindo novos planos / para os meus 91(...) Se a nossa vida é um drama / e esse mundo é um teatro / conduzindo a mesma fama/ recito aos 94.
Para mostra meu dom/como sou poeta bom/ com a poesia brinco/ mesmo com esse absurdo/ assim canto cego e surdo/ recito aos 95.
Canto a terra e o infinito/ nesse simples português/ compondo um verso bonito/recito aos 96.
Cortando como gilete/passo por 97 e vou aos 98. Não há quem me desaprove/ eu nos meus 99. Rimo afoito com biscoito/ mas quando completar 100 (...)
Vou todo cheio de ruga / igualmente à tartaruga/ como pensamento fraco/ caducando lá no canto/ rimando diabo com santo/ e careta com macaco.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito...parabéns
seu blog esta otimo...
beijos

Grazzi disse...

Adorei o blog!!!! mto criativo e instrutivo!! Boa sorte nas postagens.

Thayanna Santos disse...

otimo o blog, contempla assuntos que é de grande contribuição para aquisição de conhecimento..tudo de bom.

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Secretário de Educação Sergiomar de Açailândia

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