terça-feira, 1 de setembro de 2009

APRECIAÇÃO "A HORA DA ESTRELA" DE CLARICE LISPECTOR

PROGRAMA GESTÃO DA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
GESTAR II – LÍNGUA PORTUGUESA

 “APRECIAÇÃO DA OBRA  A HORA DA ESTRELA - CLARICE LISPECTOR” – POR MARIA DE FÁTIMA RIBEIRO BARBOSA


Na obra “A hora da estrela”, Clarice Lispector instiga os leitores através de personagens profundos, realistas e intimistas, em que os mesmos revelam a “própria vida”. Assim, desde o início da diegese nota-se que tanto a protagonista Macabéa como o narrador Rodrigo S.M  provocam sentimentos perturbadores e que se relacionam a temas polêmicos, tais como: insegurança, preconceito e a  degradação social.

A autora expõe ainda uma narrativa dramática, porém um aspecto que deve ser ressaltado, traço marcante da escrita de Lispector, é o plano psicológico, pois a personalidade de Macabéa é explorada ricamente através de fatores intrínsecos que demonstram a contradição existente entre o narrador e a personagem, em que o mesmo assume simultaneamente uma tonalidade negativa e protetora pela protagonista, o que permiti-lhe distanciar-se da criatura que tanto o incomoda, como se constata no fragmento “Vai ser difícil escrever essa história. Apesar de eu não ter nada a ver com a moça, terei que me escrever todo através dela por entre espantos meus (CLARICE LISPECTOR:1977,39)”.

A contradição entre narrador e personagem revela ainda uma dependência ou ligação fortíssima entre eles. Essa proximidade existente entre eles revela uma dependência existencial, pois Rodrigo no final da obra afirma que morreu com a personagem: “Ela estava enfim livre de si e de nós. Não vos assusteis, morrer é um instante, passa logo, eu sei porque acabo de morrer com a moça (CLARICE LISPECTOR: 1977, 105).

A simbiose intensa entre os personagens se confirma ainda no fragmento: “Pareço conhecer nos menores detalhes essa nordestina, pois se vivo com ela. E como muito adivinhei a seu respeito, ela me grudou na pele qual melado pegajoso ou lama negra. (CLARICE LISPECTOR: 1977, 36).”  Assim, o ato de “grudar-se” a protagonista, nada mais do que uma constatação da sua proximidade também com os defeitos, o jeito simplório de Macabéa e suas angústias, revelando para o leitor que essa aversão sugere nada mais do que  o caráter intimista da obra de Clarice que aproxima seus personagens a tal ponto que um se mistura ao outro,mesmo sendo personificações de mundos diferentes.

Assim, em “A hora da estrela” o leitor é instigado e confrontado com a realidade cruel do povo nordestino. Macabéa  assusta, amedronta e questiona o “eu” de cada um, pois depara o leitor com uma realidade sórdida e grotesca que ainda assola a sociedade atual. Lispector, através desta personagem fascinante, questiona os princípios de cada um e gera questionamentos: ignora ou confrontar a realidade miserável e preconceituosa?. Cabe ao leitor astuto e ávido de justiça reconhecer o valor da protagonista, que nada mais é do que a representação do povo nordestino, que é um povo lutador, resignado, sofrido, mas antes de tudo “um forte”, parafraseando Euclides da Cunha. Porém, no caso da protagonista, o seu momento de ser forte,brilhante e por que não dizer “estrela” foi justamente na hora fúnebre da existência humana. Nesse momento que foi revelada a indignação, dor e desespero desse povo tão sofrido, pois através da epifania de Lispector,  nota-se que ao cair e bater com a cabeça na quina da calçada e a  cara mansamente voltada para a sarjeta, à personagem revela que apesar de tudo que sofrerá durante toda diegese, ele  pertencia a uma resistente raça que um dia talvez, mesmo na hora da morte, conseguirá reivindica o seu direito ao grito (a ser notada).

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